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Quando somos solteiras, existe a cobrança de quando vamos arrumar namorado, quando arrumamos, quando vem o noivado, ao noivar, a pressão de casar logo. Quando achamos que agora concluímos, ainda no dia do casamento, a cobrança parece que aumenta. Acabou de começar uma pressão, a pressão de que é chegado o momento de terem filhos.
Mas quem define isso? Os pais do casal? Os líderes religiosos? A sociedade? O relógio biológico?
Existe um casal aqui? Uma nova família que se constituiu? Então, a partir de agora, essa é a “torre de controle”. Não entrarei em méritos religiosos, óbvio, nem em desafios da medicina, biologia ou do destino. Estou falando da parte prática da decisão.
Não se deixem levar por opiniões alheias. Se eu puder ir além, sugiro sequer darem esse tipo de abertura aos outros. Quando questionarem, digam algo como “quando acontecer prometo te contar” ou “isso nós dois vamos definir”, etc. Digo isso até por um desdobramento sobre o qual discorro mais adiante no texto.
Ainda sobre o momento. Em primeiro lugar, como disse em outros textos, o início do casamento é uma enorme adaptação a uma nova realidade. A várias, aliás. E aqui já tem coisa demais acontecendo (no mundo interno e externo dos recém-casados). A máxima “uma coisa de cada vez” nunca coube tão bem quanto aqui. O casal precisa entender o que significa o casamento. Precisa construir sua cultura própria, suas leis, sua forma de convivência. O casal tem muito a aprender. Continuo ainda falando do mundo interno e externo ao mesmo tempo. Isso leva tempo, dá trabalho, é cansativo. Não que não seja recompensador, só não é tão simples.
O casal vai aprendendo muito lentamente o que significa ser uma família (e ao longo do tempo e dos acontecimentos da vida amadurece e modifica esse conceito infinitas vezes). Da mesma forma que duas pessoas tem que amadurecer individualmente antes de formar um par, esse par tem que amadurecer e ter uma identidade de par antes de virar um trio. Antes de colocar mais uma pessoa nessa história, acho prudente esse casal ter muita certeza, muita estabilidade, as coisas muito tranquilas e internalizadas. E mais: sou a favor do casal aproveitar muito, viajar, se curtir, ter toda essa liberdade que depois demora no mínimo uns 20 anos pra retomar...! Filho muda a vida sim. E muitas vezes, o marido e a esposa, se não souberem administrar muito bem isso, viram apenas “mãe” e “pai”, deixando para trás seu vínculo como casal afetivo para virar um casal parental apenas. Alguém quer abrir mão do casamento pra ter filhos?
Acredito que a parte financeira, o espaço físico da casa e a questão de administração de tempo na agenda são questões desnecessárias de dissecar aqui, mas são mais fatos para considerarmos. Ah, e não se deixem enganar pelo famoso pensamento “eu tomo pílula há tanto tempo que preciso parar de tomar uns 6 meses antes, quando quiser engravidar”. Surpresa!!! Muita gente engravida de primeira, especialmente as que menos esperam (e o motivo para isso acontecer não tem nada a ver com as leis de Murphy, e sim com calma versus agonia e desespero).
A velha idéia de comprar um cachorro, por mais que pareça ironia, é um bom começo, um bom teste (que em nada se assemelha à realidade de criar uma criança, apenas à capacidade de adaptação e organização do casal), e vale a pena.
Em relação ao que disse antes sobre não dar abertura à opinião e participação de terceiros nessa decisão, volto aqui ao tema para prevenir a participação dos outros nisso, mesmo depois da decisão já ter sido tomada. “Decidimos que vamos engravidar!”. A bem intencionada frase, na melhor intenção de dividir essa alegria, pode ser um fardo logo adiante. Numa intenção melhor ainda, os outros começam a perguntar regularmente “E aí? Já tem três meses que vocês iam engravidar. Estão grávidos?”. É um enorme inconveniente, pra começar, porque cada um conta o que e quando quer, não cabe aos outros tentarem adivinhar. Também tem a parte mais complicada disso. Nem sempre a gravidez vem quando planejada, rápida e facilmente. E nada pior do que alguém que já está passando stress, se frustrando e subindo pelas paredes com tantas expectativas e medos, ter de enfrentar perguntas infindáveis, palpites, mais pressão. Isso só dificulta a concepção. Sem contar que acho uma invasão, tem casal que acaba tendo que fazer relatório a parentes e amigos sobre datas e posições sexuais, calendário menstrual, etc. Para tudo isso tem o médico, que realmente entende, pode ajudar e fará profissionalmente as perguntas necessárias. Sabe quando você tinha certeza que foi super bem numa entrevista de emprego e não é chamado, mas no dia da entrevista contou pra todo mundo onde achava que iria trabalhar? As pessoas já tomam como verdade e te perguntam que dia você começa, quando você já recebeu uma ligação falando que infelizmente selecionaram outra pessoa. Parece que o que já estava sofrido ainda pode piorar, né? Pois bem...
Esse é um tema complexo e cheio de desdobramentos, mas vale a deixa: não tome uma decisão tão grande impulsivamente. Ter filho é coisa séria e não tem como mudar de idéia o dia que cansar. E por último: não tome essa decisão porque “o outro” (do casal) quer tanto. O filho será de ambos. Que ambos queiram, e muito. E estejam prontos pra enfrentar tudo o que há de mais delicioso na vida, com todas as dificuldades que vêm junto.
Embora menos assídua no blog por pura questão de tempo, continuo disponível para responder suas questões ou mesmo desenvolver algum texto diante de um tema sugerido por vocês!
Desejo a todos boas festas, tudo de bom e um lindo 2012!!!
SAMARA KLUG
Psicóloga Clínica
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