Briga na lua de mel e no primeiro ano de casamento, por Samara Klug - By Vou Casar !

Imagem via Pure Beauty

A cultura popular às vezes nos presta imensos desserviços, espalhando mitos. Um desses é sobre a vida dos recém-casados e como ela deve ser.

Já viu como é comum quem se diz casado há poucos meses escutar imediatamente “ah, ainda está vivendo em lua-de-mel!!” e parece que a pessoa se desmonta, dá um sorriso torto, se desespera mas não pode transparecer. O que pensa? “Ai, justo ontem nós brigamos... deveríamos estar nos amando loucamente e ao invés disso estamos brigando feito cão e gato, esse casamento não era pra ser”.

Certa vez uma paciente que se casara contou ter entrado em desespero. Após muitos anos de namoro, no cruzeiro de lua-de-mel, tiveram as mesmas brigas de sempre. “Acabamos de casar e brigamos. Não é normal brigar em lua-de-mel, meu casamento é um fracasso”, disse ela ao retornar.

Vamos entender o que é normal? Em primeiro lugar, esqueçam essa idéia de que lua-de-mel é que nem no cinema e na novela. As brigas que já existiam, continuam existindo. Porque haveriam de terminar? Brigavam em uma viagem normal e na lua-de-mel qual o impeditivo pra isso? Qual a diferença? Nenhuma. Os temas são os mesmos. Quanto ao primeiro ano de casamento, tudo indica que deve ser o mais maravilhoso. Sinto desapontá-los, mas não é. Geralmente é o pior de todos, o segundo menos mal, o terceiro menos e assim por diante. Não quero ser pessimista, de forma alguma. Quero alertá-las que casamento não é a noite da festa, e sim a vida real que terão a partir daí. Se não moravam juntos, é natural que começarão a “aparar arestas”. Muito tem de ser definido. Cada um vem de uma casa, tem seus costumes. Por mais que convivessem, quando têm que juntar as duas culturas em um só lar, a coisa complica. Agora não convivem mais na casa de um ou do outro, e sim na casa de ambos. E essa idéia demora a se formar. Antes era mais fácil mesmo. Agora tudo deve ser decidido, é uma nova casa, um novo estilo de vida que os dois precisam aprender como levar, e é natural que esse acerto se faça aos poucos, que discutam como tudo será, e também que as coisas não sejam tão fáceis quanto pareciam antes. Agora estão envolvidas contas, organizações gerais, uma nova família que se forma, a intromissão ou ausência dos parentes e amigos. Quanta coisa!! Um precisa aprender a respeitar o outro, a aceitar o outro, a dar o tempo que o outro precisa. Isso leva tempo e paciência. Isso demanda muito amor e carinho.

Se vocês estão se acertando, definindo se usam ar-condicionado, ventilador ou nada pra dormir. Se definem como arcarão com as despesas, como lidarão com as famílias, enfim, desde os menores detalhes até maiores planos de vida, sintam-se normais... um casal em adaptação. Não se esqueçam que respeito não pode faltar. Não é porque não concordo com o outro que não possa aceitar que ele tenha um ponto de vista diferente do meu. O que determina o sucesso de um casamento não é que o casal pense igual, e sim como lida com as diferenças. Acima de tudo, muito respeito, e nada de fugir pra casa dos pais em qualquer briguinha, ameaçar se separar. Ainda escreverei mais sobre este ponto. Mas por hora, lembrem-se do respeito.
Samara Klug