imagem as lagrimas de uma papilo negra
Meninas :
Toda vez que me deparo com um texto sobre como proceder para viver um casamento mais feliz, transcrevo aqui. Acredito que, a maioria das vezes que erramos nos relacionamentos, a causa é a falta de noção de como estamos procedendo, ou seja, tentamos fazer o melhor, o que nem sempre é o correto. Então todo tipo de informação de pessoas especializadas é valiosa, não é?
O texto é de Wilson Dell'Sola, via uol.
A estudante de direito Gaia Catone, 21 anos, viveu uma experiência desagradável por assumir uma postura materna com o seu namorado. Depois de dois anos de relacionamento, o rapaz rompeu por não suportar mais as cobranças, e só reatou depois de uma mudança de atitude. “Eu queria ficar perto o tempo todo, ajudá-lo a fazer suas escolhas, até mesmo orientar sua vida. Por ser uma ação só da minha parte, acabou desgastando a relação e terminamos”, lamenta.
Homens reclamando de namoradas e esposas que se colocam no papel de mãe é uma situação mais comum do que se pensa. Por mais natural que a vontade de cuidar e proteger possam ser, o excesso de zelo pode soar como uma tentativa de controlar o companheiro - o que na maioria dos casos acaba por corroer o relacionamento. Assim, é imprescindível saber como ele encara esse tipo de comportamento e, acima de tudo, deixar o aspecto feminino se sobressair ao maternal.
Claro que este entendimento varia de pessoa para pessoa, de casal para casal, mas geralmente funciona assim: o homem cresce com a mãe fazendo tudo para ele, pregando os bons modos, que é errado pegar as coisas dos amiguinhos, que não deve chegar em casa muito tarde, que deve fazer a lição antes do videogame. Em determinado momento, quando o homem - já crescidinho - começa a namorar, e a eleita assume a mesma postura da mãe, com vários “não pode”, isso parece censura, do mesmo tipo que existia no seu processo de educação.
Para Leonardo Hellmeister Shikasho, analista junguiano especialista em terapia de casais, o homem pode até se confundir em relação ao papel da companheira. “Somos condicionados a responder a modelos arquetípicos (cultura herdada de pai e mãe) anteriores a nossa própria existência até que desenvolvamos nosso próprio modo de conduta. Este modelo nos é mostrado pelos pais, sendo natural que exista certa confusão de valores à medida que todos os aspectos do arquétipo feminino são encenados por uma mesma pessoa. Tal como uma mensagem passada por mímica de geração para geração, esses aspectos dependem tanto da conduta encenada quanto da assimilação do espectador para a definição de sua própria conduta”, afirma.
Acomodados, alguns homens até se sentem confortáveis em ter uma mulher que faça tudo por eles. Mas essa situação não é ideal - até porque a confusão entre mulher e mãe pode “esfriar” o relacionamento. Afinal, transar com a própria mãe não é lá uma ideia muito agradável para o homem.
Herança patriarcal
É comum simplificar a questão com a desculpa do instinto do materno – basta observar as meninas de 5 anos tratando suas bonecas como filhos. Mas, para a sexóloga e psicanalista carioca Regina Navarro Lins, autora do livro “A Cama na Varanda” (Editora BestSeller), a situação é mais complicada. Ela lembra que nossa cultura é patriarcal, ou seja, historicamente a mulher foi educada para corresponder às expectativas do homem e ele, a romper os laços com a mãe o mais cedo possível.
Isso explicaria também as mulheres que mimam demais os companheiros a ponto de fazer tudo para eles. Num passado não muito distante, a mulher preparava as roupas para o marido ir trabalhar de manhã e o esperava à noite com os chinelos na mão e o jantar na mesa. Com o surgimento da pílula anticoncepcional, esse comportamento começou a mudar, mas ainda há resquícios. Um exemplo é a dupla jornada feminina: a mulher trabalha fora durante o dia, mas à noite cuida da casa, do jantar, dos filhos e do marido.
Renovação
Tanto homens quanto mulheres se sentem desconfortáveis à medida que se veem sem perspectivas. Todos precisam de espaço, extravasar, sentir saudades, conhecer pessoas diferentes, dar risada, mudar de assunto. Assim, na relação é natural sentir necessidade de um momento seu, o que fica inviável ao lado de uma mulher que assume excessivamente a postura de mãe. E para a própria mulher não sobra tempo de pensar em si e relaxar, pois se sente sobrecarregada, reclamando, cobrando e ainda acaba passando por chata.
Da mesma forma que a falta de perspectiva no trabalho leva o indivíduo a se sentir desconfortável, fazendo com que busque um ambiente mais favorável para seu talento, o homem ou a mulher que não vê oportunidade para construir o seu relacionamento com alguém por causa de seus modelos ultrapassados irá procurar alguém mais adequado. É neste momento que o relacionamento pode chegar ao fim.
“Em uma relação, o choque entre os modelos herdados por ambos é inevitável e necessário para geração do próprio modelo de conduta do casal. O que prejudica a relação é a tentativa de manutenção de um modelo ultrapassado de conduta integralmente herdado e não assimilado. Todo indivíduo tem em si a ímpeto da evolução, que se concretiza pela renovação constante frente a todos os aspectos vivenciados. Faz parte desta evolução o indivíduo constituir sua própria família, com uma conduta única e renovada, o que só é possível se houver um parceiro de vida que esteja disposto a esta empreitada. Não há futuro para um relacionamento em que não haja espaço para renovação”, explica Shikasho.
Foi o que fez a estudante Gaia Catone, que contou sua história no começo desta reportagem. Passados dois meses do rompimento, ela tomou consciência do papel que deveria exercer no relacionamento e o ex-namorado aceitou voltar. “Tento não pegar muito no pé dele e, para nós dois, o namoro ficou mais leve, mais feliz”, diz a jovem.
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