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domingo, 24 de abril de 2011

Nossa própria casa, por Samara Klug - By Vou Casar !


Imagem via Le Love
Enfim sós… Isso é bom ou ruim?!?!
Chega a hora do casal iniciar finalmente a vida a dois, o casamento propriamente dito. O que significa isso? Significa um longo caminho pela frente. A idéia que parece maravilhosa em pensamento, na prática pode ser um pouco mais difícil.
Ainda hoje, no Brasil, a maior parte dos novos casais vem ainda da casa dos pais ou familiares. Isso significa que, além da adaptação ao casamento, ao novo formato de relacionamento, como já escrevi aqui, há a adaptação a uma nova casa e rotina. Isso inclui novas responsabilidades, como pagamento de contas, lidar com empregada, ou então com não ter mais uma, e com serviços não necessariamente realizados antes (limpeza da casa, lavar e passar roupas, cozinhar, etc). Parece gostoso? Inicialmente é, mas quando não sabemos por onde começar ou então quando se instala a rotina, pode ser mais complicado. Chegar em casa cansado após um dia de trabalho e ainda ter uma pilha de afazeres é duro. Não ter aquele colo de mãe é duro... Não ter comida pronta servida... Aliás, se é que sabemos cozinhar...
Já vi muitos casos de gente que ficou mal. Gente que não conseguia ficar longe da casa dos pais, não sabia como se adaptar a vida de gente grande. Sentia falta da opinião dos pais, da comida, do quarto. Como é que fica?
Ambos devem conversar, no primeiro momento possível, sobre como serão divididos os afazeres, contas, responsabilidades. Ligar para os pais, visitar os pais, insistir nesse contato é bom, mas cuidado com o exagero. Aquela vontade de passar na casa deles todos os dias, de dormir lá, de trazer a empregada dos pais pra nova casa... tudo isso é resistência a encarar o novo, a viver e curtir o que há de novidade. Negar a nova fase significa demorar mais pra dominá-la. Quanto mais ficamos presos ao modelo anterior, mais difícil é a descoberta de como a nova fase pode ser deliciosa! É hora de o casal descobrir o que quer e o que não quer, o que trouxe de modelo das casas anteriores, para seguir, e o que não gostava, para deixar longe.
Que tal convidar os pais para um jantar (mesmo que seja pizza) ao invés de correr pra casa deles? Ou ensinar ao marido como subir um zíper apertado de vestido em vez de chorar de desespero pela falta da irmã? Se a vida mudou, não precisa ser pra pior. Não era esse o plano, era? Ah, e nada de deixar a mãe arrumar a casa, ou de buscar comida na tia todos os dias, de permitir diariamente visitas dos familiares. Tudo isso é invasivo. Lembra do “enfim, sós” do início do texto? Que horas vai acontecer? Não sabe? Peça ajuda, conselhos. Ligue pra avó e pergunte como se escolhe tomate, ou vá uma vez à feira com ela pra entender, mas não precisa deixar tudo na mão dela. Você cuida do novo lar. Queira crescer, evoluir, aprender.
Muita tolerância, mas muita mesmo!... Sim, cada um tinha suas manias: tampa do vaso sanitário levantada, toalhas molhadas na cama, sapatos na porta, sapatos no sofá, jantar muito leve, jantar muito pesado. O cachorro dormia na cama, e agora, vai continuar? Nessa casa pode fumar? Em todos os lugares?
Todas regras serão feitas a partir de agora, mas o que funciona para os dois? Certamente isso ficará mais claro após muitas tentativas e erros. Sou a favor de uma primeira conversa em que fiquem claras as dificuldades: “nunca cozinhei antes, quero tentar mas não garanto”. “não sei passar camisa, prefiro mandar pra lavanderia, pode ser?”, etc etc etc Leve tudo com leveza, com bom humor. O humor necessário para um casal que está apenas começando, que ainda tem muito a descobrir.
Em mente deve ficar sempre claro que essa foi uma opção, que isso foi feito para o crescimento, pra continuidade da vida. Como sempre digo aqui, uma nova família está nascendo. E como ninguém nasce grande e nem sabendo de tudo, temos que passar por fases de desenvolvimento. O casamento não poderia ser diferente!
Samara Klug

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